A vacinação em massa contra a Covid-19 no Brasil pode ter evitado a morte de 13.834 idosos com idades acima de 80 anos entre meados de fevereiro e abril, segundo um estudo da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e da Universidade de Harvard publicado, na última semana, na plataforma para artigos científicos medRxiv. O trabalho ainda será submetido a revisão por pares.

De acordo com o estudo, que utilizou dados sobre mortes por Covid-19 e cobertura vacinal registrados pelo Ministério da Saúde entre 3 de janeiro e 22 de abril de 2021, em 2020 os idosos de 80 ou mais correspondiam a um percentual entre 25% e 30% do total de óbitos causados pelo novo coronavírus. Em janeiro, quando teve início a vacinação contra o patógeno, o índice estava em 28%. Já nas primeira semanas de abril, ele caiu para 13,1%, o menor patamar desde o início da pandemia.

Além disso, em janeiro, a taxa de mortalidade por Covid nessa faixa etária era 13,7 vezes maior do que a apresentada por pessoas entre 0 e 79 anos, mas, no início de abril, a relação diminuiu para 6,9 vezes. Os pesquisadores afirmam que dados preliminares mostram uma continuação da tendência de queda, pois entre os dias 11 e 17 do mês passado, a diferença foi para 5,8 vezes.

Ainda segundo eles, as mortes em decorrência de infecção por Sars-CoV-2 aumentaram em todas as idades, a partir do final de fevereiro, por causa de uma rápida disseminação da variante P.1 do vírus, identificada originalmente em Manaus (AM). Porém, se o ritmo de óbitos entre os idosos acima de 80 tivesse seguido aquele observado para pessoas mais novas desde então, teriam morrido 47.992 indivíduos da faixa etária, e não os 34.168 registrados

A explicação mais provável para a queda proporcional de mortes entre os mais idosos em comparação com indivíduos mais jovens é o rápido aumento da cobertura vacinal entre brasileiros com 80 ou mais anos, com esse aumento precedendo o declínio das mortes”, afirma o epidemiologista Cesar Victora, líder do estudo.

O trabalho também mostra que, na primeira quinzena de fevereiro, 50% das pessoas da faixa etária já haviam recebido a primeira dose de alguma das vacinas contra a Covid-19. Na segunda quinzena daquele mês, eram 80%, e em março, cerca de 95%.